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REMANUFATURAR OU RECICLAR?

Existe certa confusão entre os termos atualmente utilizados em artigos publicados no Brasil. É comum utilizar-se o termo “Reciclagem” para caracterizar o processo de “Logística Reversa de Pós- Consumo”, ou para o processo de “Remanufatura”, ou ainda o “Reuso” dos mesmos e os processos de “Desmanche”, entre outras generalizações dos verdadeiros significados. (ver Glossário no site www.clrb.com.br)

Vale, portanto, defini-los conforme o prof. Paulo Roberto Leite nos seus diversos artigos e no livro “Logística Reversa – Meio ambiente e Competitividade” (2003,2009) e “Logística Reversa – Sustentabilidade e Competitividade” (2017).

“Logística Reversa” é definida como: “Área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo físico e as informações correspondentes do retorno de produtos de pós-venda e de pós-consumo, através dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, de prestação de serviços, legal, de sustentabilidade e imagem corporativa, entre outros”. Observe-se que os processos acima examinados “Remanufatura “e “Reciclagem” referem-se ao caso de Logística Reversa de pós-consumo.

Os processos descritos a seguir seguem uma lógica ou hierarquia de reaproveitamento ecologicamente correta, cuja sequência pode ser resumida pelo “Reuso do produto”, “Desmanche ou Manufatura Reversa”, “Remanufatura” “Reciclagem” e “Disposição final”.

“Reuso” é entendido como o destino de produtos que são disponibilizados pelo primeiro utilizador e seguem os diversos canais reversos, nos quais os produtos são reutilizados no estado em que se encontram, seja em mercados originais, em mercados secundários, ou ainda em outras formas de reutilização.

“Desmanche”, modernamente denominado “Manufatura Reversa” é o processo industrial onde o produto durável é desmontado e seus componentes separados e destinados seja para reuso em mercados secundários, ou reaproveitados no processo de remanufatura, ou ainda enviados à reciclagem de seus materiais constituintes.

“Remanufatura” de um produto durável, muitas vezes também conhecido como processo de “Reconstrução”, ou ainda de “Recondicionamento”, além de outros nomes específicos nos seus setores, é o processo industrial de reconstrução do produto reaproveitando os componentes e materiais que oferecem condições tecnológicas. O produto reconstruído desta forma tem a mesmas características e funcionalidades do produto original.

“Reciclagem” de um produto ou embalagem é o “processo industrial” de extração dos materiais constituintes dos mesmos. Extraem-se materiais como plásticos, vidros, metais, etc., que serão reaproveitados ou incorporados a novos produtos ou embalagens. Observe-se que nestes processos existe a destruição dos produtos e seus componentes, reduzindo-os às suas matérias primas originais, com maior ou menor valor econômico em função do tipo de material extraído. Em outros artigos já comentamos sobre a questão da reciclabilidade de materiais que, com exceção dos metais, tende a reduzir as propriedades originais dos mesmos.

A resposta à pergunta do título pode ser brevemente respondida tendo em vista que os custos de materiais e energia envolvidos nos processos de remanufatura são muito menores do que aqueles exigidos para a reciclagem, sendo, portanto, mais benéfico para a economia circular.

Significa que, sob o ponto de vista ecológico, da economia circular ou ainda da sustentabilidade ambiental, o processo de Remanufatura deveria sempre, quando possível, preceder ao da reciclagem. Certas condições poderão justificar a indicação da reciclagem antes da remanufatura, que devem se constituir em exceções a esta regra natural ecológica. Casos típicos em que se impõe a proteção à marca ou quando a escala de produção do produto novo conduz a custos menores que a remanufatura, são alguns destes casos.

Empresas com visão de sustentabilidade devem, portanto, desde que possível, privilegiar os processos de remanufatura, próprios ou terceirizados, de forma a economizar recursos naturais e redução de custos dos produtos, conscientizando o público ao consumo destes produtos e reduzindo preconceitos pela garantia da marca original. Esta atitude, como já comentado em outros artigos, minimiza as possibilidades de concorrência disruptiva de seus produtos.

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